Estava ali, browseando o Goitacá, e me deparei com uma imagem do Cristo Redentor. Não era a original [Corcovado], e o fato de ser uma *cópia* me fez recordar uma viagem furada que fiz.
Eu estava, digamos, aham “apaixonada”!
E o carinha gostava muito de aventuras… Digamos que ele tinha um certo sangue *Rambo* nas veias, sabe como é? Então ele me convidou, de forma irrecusável, a conhecer seus parentes em Cuiabá, Mato Grosso. Mais especificamente, a sogrinha, a irmã e o cunhado dele.Enquanto ele tentava me entusiasmar com a idéia, pensei: “Legal!!.. Até que um passeio de avião não seria nada mal! Conhecer um lugar diferente…” E ele continuava a falar, falando sobre o Pantanal, que era lindo… As paisagens, a natureza… E eu pensando: “E… realmente, é um lugar um pouco quente… e úmido, mas tudo bem… Afinal, seriam alguns dias, mas é tudo *novidade*…” E vocês sabem, *novidade* é como acampamento: Pode chover, pode acontecer de você ser literalmente devorada pelos mosquitos, mas você acha graça de tudo, acha tudo bom porque, ora, *É NOVIDADE*!!! Ah, eu estava já entusiasmada com aquela história toda de viagem quando ele finalizou… “… e não vai demorar tanto assim…os ônibus são muito confortáveis!!” HÃÃÃÃ??? Ueeepa? Será que eu ouvi direito? “Mas como assim *ônibus*?” “É, ora.. vão ser apenas ..hum… 72horas”, ele falou assim com uma certa naturalidade “GULP [engoli em seco]” E ele acrescentou: “Essa viagem é tranqüila. É só pegar um * lugar bom*, perto da janela. Meu irmão já fez várias vezes, mas sozinho. Sozinho é ruim porque você nunca sabe *quem* vai se sentar ao seu lado. Minha irmã e o marido também, com a filha ainda bebê, e correu tudo bem”. “Ah.. [riso amarelo] É mesmo? [outro riso amarelo]”OBS.: Moro no Rio. De Janeiro. Menos pior do que se fosse no Rio Grande do Sul.. kkk mas ainda assim, foram quase dois mil quilômetros!!!
Não me pergunte *como*
[epa, também não vou responder.. heheh] mas fui convencida de que seria uma viagem assim… *diferente*. Iríamos chegar mais descansados. O ônibus, confortável. As poltronas, reclináveis. Seria tudo muito *tranqüilo*. “Ah, ta… [sorriso amarelo]”Bom, no dia marcado estava eu de malas prontas, mas *vestida a caráter* pra embarcar na Rodoviária. Aliás, malaS não, mala! “Porque, se vamos de ônibus, temos que reduzir a bagagem, não é?” explicou-me ele.OBS: Estar *vestida a caráter* para embarcar na Rodoviária é bem diferente de estar *vestida a caráter* para embarcar em um avião. Então, fui de moleton, tênis velho, tudo muito *confortável* [bleargh] pra Rodoviária, com uma mala velha e uma bolsa tipo saco com coisas extremamente necessárias para as *paradas*. “Paradas? Mas que paradas são estas?”.
OBS.: Eu confesso nunca ter feito uma viagem distante de ônibus que levasse mais de 3 horas. “Ah, são os lugares que o ônibus pára, assim os passageiros lancham, almoçam, esticam as pernas, vão ao banheiro, estas coisas…” “Ah, sei. Então tem lugar legal pra almoçar é?”, perguntei [ingenuamente] animada. “Bom, mais ou menos.” E eu: [GULP]. “Mas algumas são *muito boas*”. “Ah…sei”, com um sorriso amarelo tentando me recuperar do [GULP].
OBS.: Será que preciso dizer que minha mãezinha ficou preocupada com esta aventura, acho que não né? Vocês são bons em captar as entrelinhas.. hehehe.
Chegando à Rodoviária, era uma espécie de feriado…
Será que você consegue imaginar a Rodoviária Novo Rio lotada??? Claro que sim. Acho que todo mundo na vida, ao menos uma vez, já se aventurou a viajar pra Região dos Lagos no Carnaval. É assim que estava o local! Conseguimos chegar à plataforma de embarque com certa dificuldade. Sim, já tínhamos comprado a passagem com antecedência. Ah, outra *coisinha*. A cada parada era necessário ficar de olho no bagageiro do ônibus, sim, pra ver se a bagagem não ia sair de fininho. É, “acontece”. Faltou dizer que durante o percurso, haveria troca de ônibus. Isso, eu ainda ia encarar uma *baldeação*!!!
Bom, sentamos juntos e conseguimos relaxar.
Ah, sim, embarcamos no final da tarde, por volta de 16h, por aí. Por que? Ah, imagina no calor sentada o tempo todo, com o sol batendoem cima. Ar condicionado? Hãã? Nãããooo. Lembro que não fomos de ônibus leito [era meio caro demais ou não tinha mais passagem disponível]. No início da viagem foi tudo tranqüilo. Sentei confortável, comi algumas das coisas que trazia na bolsa enquanto conversávamos. A primeira parada, lembro bem, foi um alívio!! Banheiro, oba!! Kkkk. Foi em Aparecida, a caminho de SP e já era fim de tarde/noite.
Não lembro de *todos* os detalhes, nem de todas as paradas, mas lembro do calor. Muito menos me interessei em saber o nome das cidades pelas quais íamos passando. Algumas delas com nomes estranhos. Pelo caminho que o ônibus fazia era difícil reconhecer certos locais, apesar de alguns deles serem conhecidos. À medida que o tempo passava e a noite chegava, o ônibus ficava mais vazio e mais silencioso. Isso também significava *espaço*. Desta forma podíamos sentar separados e ocupar duas cadeiras para esticar as pernas, pegar um ventinho, estas coisas. Quanto mais o percurso nos distanciava das capitais, e avançava para o interior, notava que a paisagem mudava, e com ela também mais *precárias* eram as paradas. E quando digo *precárias* é isso mesmo que quero dizer. Passamos por várias paradas precárias. Você percebe que a parada é precária quando nota o artesanato local, e a falta de infra-estrutura.
Lembro que comi muito pouco nesta viagem.
Não lembro de ter almoçado direito até encontrar um lugar em que as instalações me deixassem confiante pra fazer isso. E como este lugar custou a chegar!! Ainda bem que o carinha me deu algumas *dicas* do tipo, beber Toddyinho e comer queijo quente: era o que podia ser menos *venenoso*. Era salgado, não enjoava, enganava a fome e ao menos eu não iria ficar doente e ter uma diarréia durante a viagem.Um dos pontos altos da viagem foi quando vi o tal Cristo. Era o sinal de que estávamos quase chegando lá, finalmente J.
Os outros foram o da *pior parada* e o da *melhor parada*.
A *pior parada* podia ser comparada a uma banca de camelô debaixo de uma árvore sendo o chão de terra batida com umas galinhas ciscandoem volta. Isso mesmo, ficava bem ali, no meio do nada. Tudo bem, não chegava a tanto, mas era muito perto disso: só não era embaixo da árvore. A lanchonete ficava na janela da casa do sujeito. E se alguém quisesse usar o banheiro era lá mesmo.Ah… mas tive o prazer de conhecer a *melhor parada*! Nossa!! Ainda me lembro como se fosse hoje: Era Rodo-alguma-coisa! Era noite ou era madrugada. Tive a mesma sensação que teria um ser sedento ao avistar um oásis. No meio do nada, no meio da escuridão, lá estava aquele local super iluminado. Tinha muitas comidas saborosas *eita fome* e o banheiro além de limpo era cheirosinho.
Banho? Ah que saudade disso…. Não, não dava tempo de tomar um banho decente. O tempo não permitia, nem as instalações. Quando não faltava limpeza faltavam chuveiros. Ou os dois. Em alguns lugares o banheiro estava tão lotado… Isso foi no início da viagem, em Aparecida, no Santuário. Mas estas paradas técnicas só davam pra usar o pipi-room, lavar o rosto, renovar o desodô, escovar os dentes e comer *alguma coisa*, ou seja: o básico.
Nem precisa dizer que cheguei com *aquela cara* ao destino. Não, *aquela cara* não significa que cheguei mal humorada. De jeito nenhum. Até que encarei a aventura de bom humor. Cheguei foi toda amarrotada, moída, a cara amassada, me sentindo melada, suja..arghhh.. um horror. Era noite. E tenho a foto tirada na Rodoviária de Cuiabá pra provar que eu cheguei lá! Rss.. Quer dizer, a foto do meu namorado, pois eu estava tão horrível que nem me atrevi a aparecer na frente da lente. Ele *aff* parecia um foragido, ou melhor, um retirante: sandália de dedo, um short amarrotado, camiseta sem manga que não combinava com o short: uma figura! E a mala: no bagaço!
Ah, durante toda a viagem eu havia levado na bolsa saco minha máquina fotográfica: uma olympus automática. Não, isso foi antes da era digital. Essa era uma 35 mm. Mas diante dos locais, das paradas, dos *cuidados* fiquei até com medo de sacar a câmera e registrar os detalhes da viagem. Teria sido interessante.
Um dos piores momentos da viagem, depois da *pior parada*, foi quando trocamos de ônibus. Entramos em um veículo tão confortável quanto o primeiro, mas que parecia ser usado para os *trechos internos* do percurso. Arrgghh.. o busum fedia, era sujo, um horror!! Sim, era no-jen-to! Mais tarde, no trecho próximo à chegada, mudamos para um *melhorzinho*. Sim, quando cheguei na casa da *sogrinha* depois de dizer “oi”, pousar as malas e lavar as mãos, o que eu mais queria, depois de comer algo *decente* era tomar um bom, quente, demorado e limpo banho! Ah… nunca um banho foi tão bom!
No dia seguinte, banho tomado, café da manhã tomado… beleza! Eu era outra pessoa, ou melhor: eu era EU de novo!! Saímos, alugamos um carro e fomos conhecer a Chapada dos Guimarães. Há lugares muito lindos. Tomamos banho em algumas das cachoeiras, mas não fomos muito longe. Neste dia sim, bati muitas fotos. Ficamos apenas 2 ou 3 dias por lá. Conhecemos um casal de vizinhos, gente boa que nos emprestou a câmera de vídeo com uma fita para gravarmos nosso passeio pela Chapada. Nem lembro se guardei a fita. Sabe como é, depois que o namoro acaba [mal] você fica mais é querendo detonar as fotos ou qualquer coisa que lembre aquela pessoa. E fica *ligeiramente* arrependida de ter feito *algumas coisas*, incluindo esta viagem.
Nossa viagem de aventura continuaria voltando ao Rio de Janeiro com uma parada em Brasília, outra em São Paulo: mais alguns parentes para conhecer. Só que chega um momento em que você não agüenta mais conhecer parentes, trocar gentilezas, sentir que esta incomodando os outros, ter que acompanhar os passeios dos outros, se sentir fora da sua casa, do seu conforto, dos seus horários… Eu queria mais era voltar pra minha casa, pra minha zona de conforto, como dizem alguns. A viagem de aventura já estava perdendo o encanto. E já começava a me incomodar com o fato de dependermos do transporte de outras pessoas para ir daqui até ali… Sabe como é, em Brasília tudo é longe; em São Paulo, não há como dar um *pulinho ali* sem estar com um carro. Metrô não leva a qualquer lugar. E percebi que meu namorado era um péssimo guia de turismo. Ele só me levava aonde ele queria ir, e não aonde eu queria ir. Em pouco tempo a viagem de aventura virou um pesadelo. Ele me levou para conhecer o interior do MASP quando eu queria conhecer o bairro da Liberdade.
A volta foi menos emocionante. Demorou mais, como era de se esperar. E não pude evitar uns pulinhos de alegria quando cheguei em *terra firme*. Algum tempo depois meu namorado sugeriu uma outra viagem que foi rapidamente recusada!!! Estava cansada de *emoções fortes*!
Ah sim… depois disso o namoro também não durou muito mais tempo…
(clique aqui e leia os comentários da postagem no site Goitacá)
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